segunda-feira, 10 de outubro de 2016

COLAPSO DE TRAQUÉIA

O colapso de traquéia é comum em cães de meia idade a idosos, principalmente de raças pequenas e miniaturas, embora também possa ocorrer em cães jovens e de grande porte.

Muitos cães de raças toys e miniaturas tem tendência anatômica ao colapso de traquéia. O Yorkshire Terrier é a raça mais comumente afetada, seguido por outras raças como o Poodle miniatura, Chihuahua, Lulu da Pomerânia além do Shih Tzu e Lhasa Apso. Não há predileção sexual, e a idade mais comum para o aparecimento dos sinais é entre os 6-7 anos, mas aproximadamente 25% dos cães afetados iniciam sinais por volta dos 6 meses de idade.

Os fatores potenciais desencadeantes incluem obesidade, intubação endotraqueal recente, infecção respiratória, cardiomegalia, trauma cervical e inalação de alérgenos ou irritantes.

A traquéia normal é um tubo flexível e semi rígido que une a laringe aos brônquios. Ela é constituída por 35 a 45 cartilagens em forma de C, intercaladas por um ligamento anular elástico. Esses anéis cartilaginosos permanecem abertos durante todas as fases da respiração.





Quando esses anéis cartilaginosos amolecem, eles perdem a capacidade de manter sua conformação em forma de "C", ou seja, suas paredes "colabam" e por isso esta doença chama "colapso de traquéia". Com isso, este tubo diminui e consequentemente afeta a passagem de ar da traquéia para os pulmões durante a respiração, fazendo o animal tossir. Observe a figura abaixo, que melhor ilustra a deformação traqueal.





A gravidade do colabamento é dividida em graus, de acordo com a redução do diâmetro da traquéia.


 E através do exame radiográfico é possível avaliar e classificar o grau do colabamento:




Sinais clínicos

Em geral, inicialmente os cães predispostos são assintomáticos e podem manifestar o primeiro episódio após alguma situação que exija mais da parte respiratória, como aumento do esforço respiratório, tosse ou inflamação das vias aéreas.

A manifestação clínica pode ser de forma aguda, mas progride lentamente no decorrer de meses a anos. O principal sinal clínico é a tosse não produtiva, curta, alta e seca, descrita como "grasnado de ganso". 




A tosse pode ser confundida com engasgos ou ânsia. Nos casos mais sérios o cão pode apresentar cianose (mucosa arroxeada pela falta de oxigenação) e até desmaio.

Essa tosse crônica pode ser iniciada ou piorada por excitação, ansiedade, puxões na coleira ou exercícios, bem como pela palpação no pescoço (traquéia).

Uma vez iniciado os sinais clínicos, a síndrome é perpetuada pelo ciclo de inflamação crônica da mucosa traqueal, o que precipita o aparecimento de tosse e que ao mesmo tempo piora a intensidade dela.

Posteriormente, geralmente após anos de tosse crônica, pode ocorrer angústia respiratória provocada pela obstrução do fluxo de ar para as vias respiratórias (doença pulmonar obstrutiva crônica). Os quadros de angústia respiratória são considerados emergências graves, com alta taxa de mortalidade e necessitam de suporte veterinário imediato.

Muitas vezes a traquéia colapsada se associa a doença cardíaca valvular mitral crônica e com frequência, deve ser diferenciada da insuficiência cardíaca provocada por esta condição. O colapso traqueal também pode ocorrer clinicamente junto com a bronquite crônica canina, sendo a traquéia intratorácica mais acometida nesses casos.

Cardiologicamente falando, a principal consequência é a obstrução crônica das vias aéreas e esta pode resultar em hipertensão pulmonar secundária e a insuficiência cardíaca direita (coração pulmonar), ou seja, indiretamente o coração pode acabar sofrendo as consequências de um colapso de traquéia.

Causas
Sugeriu-se uma relação entre colapso de traquéia e diversas condições, como tosse crônica causada por doenças das vias aéreas e/ou parênquima pulmonar (infecção bacteriana, bronquite alérgica), doença cardíaca crônica com compressão da traquéia e brônquios, traumatismo traqueal, desnervação da membrana traqueal dorsal, defeitos congênitos, obesidade, aumento de gordura mediastínica, massas torácicas e extratorácicas, prolongamento de palato mole, narinas estenóticas, paralisia de laringe e doenças sistêmicas como obesidade e hiperadrenocorticismo. Acredita-se que estas condições provavelmente são problemas associados e não propriamente as causas iniciantes da doença.

Muitos cães com colapso de traquéia são obesos, e o depósito de gordura intratorácica interfere na amplitude da respiração, pois dificulta a expansão normal da caixa torácica. Por isso, redução de peso em animais obesos é essencial, e algumas vezes apenas a perda de peso pode ser curativa no que se refere a remissão dos sintomas.

Tratamento

Não existe tratamento curativo, embora haja tratamento clínico medicamentoso ou cirúrgico.

Alguns animais, principalmente aqueles de graus iniciais de colapso, podem responder satisfatoriamente ao tratamento medicamentoso. A perda de peso é uma medida muito conveniente para contribuir no sucesso da melhora clínica da tosse.

Quando o animal apresenta emergência respiratória, ou seja, dificuldade para respirar, frequência respiratória aumentada, mucosas arroxeadas, procure ajuda veterinária imediata.

Em casos extremos, recomenda-se tratamento cirúrgico. Esse é controverso ainda pois podem ocorrer novas crises e também aparecerem efeitos secundários à cirurgia. A cirurgia consiste na aplicação de próteses extraluminais ou também intraluminais (stents), conforme a ilustração abaixo.



O prognóstico é bom para muitos animais com colapso de traquéia inicial, mas a condição pode ser séria e trazer risco de vida quando a angústia respiratória ocorre.


Referências Bibliográficas

1 BONAGURA, J. D., TWEDT, D. C.;  Kirk´s Current Veterinary Therapy XIV, USA: Elsevier, 2009

2 ETTINGER, S. J.; FEELDMAN, E. C.; Tratado de Medicina Interna Veterinária, 5º ed. Vol.2, Rio de Janeiro: Guanabara, 2004

3 NELSON, R. W.; COUTO, C. G.: Medicina Interna de Pequenos Animais, 4º ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010








terça-feira, 30 de agosto de 2016

Edema pulmonar cardiogênico

Muitos pacientes questionam sobre como seria uma crise emergencial, quais os sinais clínicos que o animal apresenta quando está em edema pulmonar e precisa ser trazido para a emergência.

Para facilitar o entendimento, selecionei alguns vídeos para ilustrar a ocorrência de DIFICULDADE RESPIRATÓRIA (DISPNÉIA) E EDEMA PULMONAR
 



Observe nesse vídeo o movimento do tórax, o pescoço distendido para cima, os olhos fechados




                                      

Observe nesse vídeo o pescoço distendido, salivação, expressão de angústia, membros anteriores afastados



* Nesses dois casos, os cães apresentam sofrimento respiratório. 

* Esse quadro é considerado como emergencial pois devido a problemas cardíacos, ocorreram acúmulos de líquidos dentro do pulmão. Devido a isso, a oxigenação pulmonar fica muito comprometida causando sérios riscos de vida ao paciente. 

* Portanto,  deve-se procurar ajuda veterinária o mais breve possível.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Eletrocardiograma x Ecocardiograma

O exame clínico de qualidade é uma etapa importante para detectar enfermidades cardiovasculares precocemente, incluindo a realização de anamnese detalhada e exame físico completo. Essas enfermidades devem ser consideradas se, durante esta etapa,
– A frequência cardíaca do animal for rápida, lenta ou irregular (não sendo arritmia sinusal respiratória);
– Mais de dois sons cardíacos forem notórios à auscultação (ritmo de galope ou desdobramento de bulha, por exemplo);
– Sons cardíacos forem abafados, mesmo o animal não seja obeso;
– Pulsações arteriais forem rápidas, fracas ou irregulares quando comparadas aos batimentos cardíacos;
– For relatado desmaios ou intolerância ao exercício pelo proprietário, juntamente com ausência de doenças músculo-esqueléticas ou o animal não sendo obeso;
– Mucosas apresentarem-se agudamente cianóticas, não havendo presença de doença pulmonar primária.
Para confirmação da suspeita diagnóstica, devem ser realizados exames complementares, sendo mais utilizados o eletrocardiograma (ECG) e o ecocardiograma. Embora, pela sua nomenclatura, possam parecer semelhantes, cada um deles é utilizado para identificar diferentes tipos de alterações cardíacas.
O eletrocardiograma é um exame complementar utilizado para registrar a atividade elétrica cardíaca, detectando anormalidades de ritmo (arritmias). Além disso, pode contribuir eventualmente, com diagnósticos de alterações sistêmicas, tais como condição dos eletrólitos, alguns distúrbios do sistema endócrino, sistema nervoso central, digestório e, em especial, sobre a condição geral de saúde e o monitoramento das anestesias. Informações adicionais, sob a forma de sugestões eletrocardiográficas de sobrecarga nas câmaras cardíacas e presença de efusões pericárdica e pleural são obtidas a partir de mensurações das ondas e segmentos do traçado eletrocardiográfico do animal em repouso.
A presença de ondas P largas sugerem aumento do átrio esquerdo, ao passo que as ondas P altas sugerem aumento do átrio direito; complexos QRS largos podem ser vistos em animais com sobrecarga quer ventricular direita ou esquerda, ou também podem ser devido a distúrbios de condução, por exemplo.
Embora permita avaliações sugestivas de sobrecargas, o eletrocardiograma não apresenta sensibilidade adequada para identificar mudanças leves e moderadas no tamanho das câmaras cardíacas, sendo necessária a realização do ecocardiograma. Este exame é baseado no princípio do exame ultrassonográfico, permitindo a visualização das câmaras e vasos cardíacos, incluindo aorta, ventrículos e átrios, apêndice auricular, e todas as valvas cardíacas. As imagens podem ser criadas em modo unidimensional e bidimensional, além de permitir avaliação de fluxo sanguíneo, através do Doppler.
Assim, o ecocardiograma é especialmente recomendado para avaliação interna das estruturas cardíacas, avaliação da função, tamanho, lesões valvares, defeitos em sua morfologia, presença de shunts, anormalidades miocárdicas, presença de massas, efusões, estenoses, avaliação de fluxo sanguíneo, movimentação e função miocárdica.
Tanto o eletrocardiograma quanto o ecocardiograma são exames não invasivos e indolores, não sendo necessário sedar os animais na maioria dos casos e, embora pareçam exames simples de serem realizados, é importante ressaltar que deve ser conduzido por profissional capacitado, especialmente na interpretação dos resultados, garantindo maior confiabilidade, melhores resultados e tratamentos instituídos adequadamente aos animais.
FONTE: InPulse Animal Health 

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Os diferentes tipos de tosse....

Os cães podem apresentar tosse e esta pode ser sinal clínico de várias doenças relacionadas diretamente ao coração ou não. Entre elas podemos citar:
- traqueobronquite
- bronquite crônica
- bronquite alérgica
- bronquiectasia
- colapso de traquéia
- tumores
- asma brônquica
- corpos estranhos
- pneumonia
- dirofilariose
- aumento cardíaco
- edema pulmonar
- tromboembolismo pulmonar

Assista os vídeos abaixo e observe se seu cão apresenta tosse parecida com algum cão mostrado aqui.


TOSSE COMO SINAL CLÍNICO DE DOENÇA CARDÍACA



 TOSSE COMO SINAL CLÍNICO DE ESPIRRO REVERSO



TOSSE COMO SINAL CLÍNICO DE COLAPSO DE TRAQUÉIA





Se o seu cão apresenta tosse, é muito importante diagnosticar sua origem para um correto tratamento ou controle. Procure seu veterinário. Ele saberá conduzir os exames necessários para descobrir porque seu cãozinho tosse.


sábado, 11 de junho de 2016

O que fazer em caso de emergência


Caso você precise de atendimento emergencial, é importante procurar rapidamente a clínica ou hospital mais próximo de você e que tenha estrutura para atendimento de emergências cardiológicas.
É importante que o local conte com plantão 24 horas e que possua oxigênio.

Para pacientes de Novo Hamburgo e cidades vizinhas, indico o Hospital Veterinário Cão e Cia, onde faço a rotina cardiológica. O hospital é 24 horas e se localiza na Avenida Vereador Adão Rodrigues de Oliveira, 244, bairro Ideal em Novo Hamburgo/RS. Telefone: (51) 3594-3172/9847-2086

Se você não mora perto ou está em deslocamento para cidades do interior ou litoral, é interessante, quando chegar ao local, já se informar sobre as clínicas veterinárias locais para agilizar o deslocamento caso ocorra uma urgência. 

Orientações ao proprietário de animal portador de cardiopatia




            Seu animal de estimação foi diagnosticado com uma cardiopatia. As cardiopatias são doenças graves, que envolve um dos mais importantes órgãos do corpo do animal: o coração. Sendo assim, o tratamento e acompanhamento corretos são muito importantes para conseguirmos uma maior sobrevida do animal, visto que a maioria destas doenças não apresenta cura definitiva. O sucesso do tratamento depende muito de sua dedicação.
O tratamento das cardiopatias tem por objetivo controlar tosse persistente, desmaios, intolerância a exercícios, dificuldade respiratória e aumento de volume abdominal, evitando assim o mal-estar, o emagrecimento e a rápida progressão da doença. Com o tratamento oferecemos ao animal bem-estar e melhor qualidade de vida.
            Seu animal terá retornos freqüentes, por isso é importante que suas vacinas e vermífugo estejam atualizados. 

1-    Observe atentamente seu animal quanto à ingestão de água e alimentos, bem como a freqüência de acessos de tosse, dificuldade para respirar, arroxeamento de língua, aumento de volume abdominal, quantidade de urina produzida e intolerância a exercícios. Esses são aspectos importantes para se avaliar o tratamento.

2-    Utilize rações ou comida caseira adequadamente balanceada indicadas pelo médico veterinário. A alimentação correta é parte muito importante do tratamento.

3-    Administre as medicações dentro dos horários previstos, evitando variações.

4-    Siga corretamente as orientações do médico veterinário quanto a retornos e realização de exames.

5-    Em caso de piora, não administre quaisquer medicações sem indicação veterinária. Os indícios de piora são apatia, dificuldade para respirar (respiração com freqüência aumentada e muita força para expirar) e se locomover, língua roxa ou pálida, pescoço estendido, tosse persistente, desmaios, e aumento de volume abdominal. 
      EM CASO DE CRISE RESPIRATÓRIA, COM LÍNGUA ARROXEADA, RESPIRAÇÃO FORÇADA, TRAZER AO HOSPITAL IMEDIATAMENTE. É UMA EMERGÊNCIA! QUANTO ANTES INICIAR O TRATAMENTO, MAIS CHANCES DE REVERTER O QUADRO...

6-    A grande maioria dos pacientes cardiopatas necessita de tratamento durante toda sua vida. Portanto, não interrompa o tratamento sem autorização expressa do médico veterinário responsável.

7-  Cuidado com as trocas bruscas de temperatura. Se for verão, mantenha o animal em local fresco, de preferência com ar condicionado e se for inverno, mantenha-o em local aquecido e muito cuidado com as saídas para a rua para urinar e defecar. Desligar estufa ou ar condicionado antes da saída para a temperatura ir baixando aos poucos, evitando assim choques térmicos.

8-  Se for viajar, leve sempre junto todos os exames para casos de emergência. Caso vá para ficar mais tempo, como para o litoral, procure antecipadamente por lá uma clínica que ofereça plantão 24horas e que tenha oxigênio pois este será fundamental para atendimento emergencial (sugestão: Pet Support na praia – Praia de Xangrilá. Fone: 3416-7111/8916-7556)

9- Todo animal cardiopata precisa de repouso. Não é desejada uma freqüência cardíaca aumentada. Então, se situações com carteiro, jornaleiro, entregadores ou o banho no pet são fatores estressantes para o paciente, é importante evitar submeter o paciente a tais situações.

10- O acompanhamento do paciente é fundamental. Lembre-se que ele recebe vários medicamentos ao dia e precisamos avaliar periodicamente o funcionamento do fígado, rins, alguns minerais e também a evolução da doença cardíaca através de exames que mostrem o tamanho do coração, possíveis arritmias, acúmulo de líquido no pulmão ou abdômen. Por isso, a cada 4 a 6 meses, de acordo com a orientação que você recebeu, é importante comparar os exames atuais com os antigos que já foram realizados.

     
   QUANDO CHEGAR O PERÍODO COMBINADO PARA REFAZER OS EXAMES, LIGAR PARA A RECEPÇÃO DO HOSPITAL E MARCAR HORÁRIO PARA TRAZER O CÃO. LEMBRE-SE DE AVISAR A ATENDENTE QUE VOCÊ JÁ E PACIENTE E PRECISA FAZER O CONTROLE PERIÓDICO. TRAZER SEMPRE JUNTO OS EXAMES ANTERIORES.



      EM CASO DE EMERGÊNCIA, LEVE O PACIENTE PARA O HOSPITAL